Entrudanças 2015
Encontro de Tocadores 2015
OFICINAS

Oficina de Canto e Adufe/Pandeiro Quadrado, com as Adufeiras de Monsanto e Xabier Diaz e as Adufeiras do Salitre
A oficina de adufe permitirá o entendimento das práticas musicais do instrumento em Portugal e na Galiza, junto de dois grupos de referência. 
Além das técnicas de canto e de execução, haverá a possibilidade de compreender os contextos culturais do instrumento nos dois lados da fronteira administrativa. A experiência das adufeiras do concelho de Idanha-a-Nova e o trabalho relacionado com o instrumento na Galiza, elaborado por Xabier Diaz e as Adufeiras do Salitre, são os elementos que compõem a singularidade desta oficina.

[ ± ] Biografias: Adufeiras de Monsanto e Xabier Diaz e Adufeiras do Salitre
As Adufeiras de Monsanto são um dos grupos mais conhecidos do panorama musical português e a formação mais icónica do adufe na Beira-Baixa. Os cantos femininos desta região, com adufe, em modos menores e maiores, têm despertado numerosos interesses no mundo musical, levando a que o grupo possua um enorme rol de colaborações com outros músicos e atuações um pouco por todo o mundo. Xabier Diaz, além de compositor e multi-instrumentista, é uma das vozes masculinas de referência da música galega. Possui diversos trabalhos musicais já publicados, dois dos quais a solo. No seu percurso, além dos cantos com pandeireta, destaca-se o trabalho de restabelecimento das práticas musicais relacionadas com o pandeiro quadrado, nome pelo qual o adufe também é conhecido na Galiza. Foi um dos elementos fundadores dos Rumbadeira e vocalista dos Berrogüetto. Atualmente, entre outros projetos, canta a solo com as Adufeiras de Salitre, um projeto seu, e dá a sua voz à Companhia Nova Galega de Danza e a aCadaCanto.
Oficina de Desgarradas e Regueifas, com Bieito Lobariñas e José Manuel Aguiar Os desafios em verso musicados são um modo, quase sempre humorístico, que existe um pouco por todo o mundo. Na Galiza chamam-se regueifas e, maioritariamente, são cantadas à capella. Em Portugal encontram-se ao longo do continente e ilhas e fazem-se acompanhar por todo o tipo de cordofones, percussões e concertinas. O Minho, na atualidade, parece ser o centro de um modelo de estruturas musicais, tocadas maioritariamente à concertina, que cada vez mais se implanta pelo território português. Contudo, existem no país outros estilos de despiques, que não são tão mediáticos quanto os desta região do Norte de Portugal. São o caso das chuladas do Douro, o baldão do Alentejo, o charamba da Madeira, as velhas dos Açores ou os fados ao despique. A junção numa mesma oficina de dois cantadores, de regueifas galegas e desgarradas do Minho português, permitirá entender a estrutura, as métricas e as técnicas de utilização do vocabulário de escárnio, entre outros pormenores.
[ ± ] Biografias: Bieito Lobariñas e José Manuel Aguiar
Bieito Lobariñas é um gaiteiro, letrista e regueifeiro. Toca com os Zurrumalla, fez letras cómicas para «Os da Caneca» do Morrazo e, com Luis "O Caruncho", forma uma dupla muito requisitada na Galiza para apresentar espetáculos. A sua capacidade de improviso levou-o até ao mundo das regueifas, onde é uma referência. José Manuel da Silva Aguiar, conhecido como «O Aguiar», é natural de Rio de Galinhas, Marco de Canavezes. Desde novo que começou a tocar fados e baladas no violão. Mais tarde iniciou-se a cantar desgarradas com o «Zé Tractor», um cantador de Vila Boa do Bispo. Desde pequeno que conviveu com os cantares ao desafio já que o seu pai, José Pereira Aguiar, além de cantador da chulada de Carvalho de Rei, em Amarante, entrava em descantes com o «Moreira de Lousada» e com a «Ana de Santa Marta», todos cantadores de chulas e desgarradas do Douro. Em 1999 mudou-se para a freguesia de Arcozelo, em Barcelos. Aí começou a analisar a técnica dos cantadores ao desafio locais, que difere dos modos do Douro, donde é originário. Facilmente se adaptou às tonalidades de fá e ré# e aos cantos mais arrastados desta área geográfica. Na atualidade faz dupla com o conhecido Domingos da Soalheira.
Oficina de Sanfona e Cantares de Cegos, com Ariel Ninas e César Prata A sanfona, no passado, foi um instrumento vulgar, um pouco por toda a Europa. Tanto a Galiza como Portugal possuem diversas referências, iconográficas e documentais, que atestam o seu uso desde a Idade Média. No Séc. XVIII o instrumento andava em mãos de cegos mendicantes, que auxiliados pelo moço de peditório, cantavam, pediam, apregoavam e vendiam folhetos de cordel, onde narravam romances, crimes e desgraças em verso. Em Lisboa, ao tempo de D. João V, mais de 300 invisuais, muitos deles músicos, para protegerem os seus modos de sustento, encontravam-se agremiados na Irmandade do Menino Jesus dos Homens Cegos, uma confraria mal vista pelos livreiros de então, já que consideravam a sua literatura como menor e marginal. Em Portugal, a prática musical foi-se desvanecendo.  Em 1908, em Coimbra, havia ainda um tocador deste instrumento, o Manuel do Realejo, falecido nesse ano. Na Galiza, a sanfona só não teve o mesmo destino devido ao esforço de Faustino Santalices Pérez (1877-1960). Este, desde os inícios do Séc. XX, realizou um trabalho ímpar de reabilitação das memórias e práticas musicais associadas a este instrumento, como é o caso de "Gravaciones Históricas de Zanfona" (1927-1949), obra ímpar no panorama da sanfona ibérica.   
[ ± ] Biografias: Ariel Ninas e César Prata
Ariel Ninas toca sanfona e é um artista sonoro que trabalha entre a música tradicional e a vanguarda experimental. O seu percurso, ao nível dos coletivos extravagantes, passou por Inflatable Buddha (UK) e pela OMEGA - Orquestra de Música Espontânea da Galiza. Trabalhou também em diversos projetos multidisciplinares, destacando-se: - Habelas (prémio Injuve 2010) com dança contemporânea - Ulobit no audiovisual - B'onknob na eletrónica - Senhora Asem ou Bitoque ao redor da tradição instrumental para baile. A nível internacional, colaborou em diversos trabalhos com Fred Frith, Michael Fisher ou Germán Coppini. Desenvolve atividade regular de produção com aCentral Folque, Centro Galego de Música Popular. César Prata é um músico cujo nome se encontra ligado a diversos discos, enquanto compositor e intérprete de projetos não só musicais mas também de teatro e cinema. O seu trabalho é marcado pelas ligações que possui ao património imaterial, em especial à tradição oral. Nesta área possui várias publicações baseadas em cantigas de cegos, de cordel e de trabalho. Dos projetos em que participou destacam-se Chuchurumel, Assobio, Chukas - encomenda do IGESPAR para o Parque Arqueológico do Vale do Côa - e Ai!. Regularmente colabora com o Projéct~  do Teatro Municipal da Guarda. Integrado na coleção “a IELTsar se vai ao longe” do IELT - Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa- editou, em Dezembro de 2010, Canções de Cordel. Em novembro de 2013 estreou Ai!, em parceria com Suzete Marques e em fevereiro de 2014 editou Futuras Instalações, o seu CD mais recente a solo. Desde julho de 2014 que trabalha no projeto “Ouvir Ontem” (levantamento e tratamento do património imaterial do concelho de Pinhel).
Oficina de Gaita-de-fole A gaita-de-fole, nos últimos anos, é um dos instrumentos mais tocados na faixa ocidental da Península Ibérica e, sem dúvida, o mais identitário da Galiza. Tal como nesta região, em Portugal a sua execução é antiga e o número de práticas religiosas e profanas que lhe estão associadas é vasto. É tocada em alvoradas, arruadas, procissões, peditórios, missas, foliadas, danças de pauliteiros e de espadas, etc. Perceber qual o repertório praticado no Entre-Douro-e-Minho é o objetivo desta oficina.
[ ± ] Toni das Gaitas e Nuno Dias
O gaiteiro António Ribeiro, conhecido como «Toni das Gaitas», sempre se destacou pela sua técnica. Além de tocar caixa desde pequeno, acompanhando o pai, o gaiteiro José Benedito, absorveu as técnicas de muitos outros gaiteiros, criando um estilo eclético e singular. O facto de ter nascido nos circuitos do circo proporcionou-lhe itinerâncias únicas de convívio com os mais diversos tocadores de gaita-de-fole, observando e registando com atenção os seus modos de tocar. Nuno Dias Nuno Dias é um multi-instrumentista que convive, desde pequeno, com a música e os instrumentos tradicionais, participando em grupos de bombos, tunas e ranchos. Após ter entrado para as aulas de Ricardo Coelho na Escola de Gaitas da Associação Cultural Tirsense, tornou-se membro do grupo de Gaiteiros da Ponte Velha, onde tem estudado sobre o repertório de gaita a norte do Douro. Além deste projeto integra ainda a Chulada da Ponte Velha, onde toca rabeca chuleira. Colabora também com vários grupos de zés pereiras.
Oficina de Danças Galegas As danças galegas são muito lindas e ricas na combinação de movimentos. Nesta oficina os formadores pretendem mostrar e ensinar alguns dos infinitos passos das danças mais características da Galiza como são as muiñeiras ou as xotas. Ritmos, formações espaciais, criação de frases – os puntos – a sua contextualização sócio-histórica, são alguns dos conteúdos que aqui serão abordados. O ponto de partida da oficina será o visionamento de recolhas de danças, realizadas nos anos 80 e 90, onde os atores eram pessoas que dançavam naturalmente, aprendendo os passos dos seus pais e avós, em diversos "seráns e fiadeiros". Estas foram as últimas gerações a aprender a dançar naturalmente. Nesta primeira parte da oficina serão comentados diversos aspetos: como e onde foram feitas estas recolhas, a sua importância como documento essencial para entender a expressão corporal desta cultura, testemunho de uma realidade que tinha sido modificada pelos grupos folclóricos. Na parte prática será aplicada uma metodologia que se apoia no treino dos movimentos, organizando-os por famílias. Esta classificação foi trabalhada por Sergio Cobos e baseia-se na transcrição dos gestos e movimentos em símbolos. Esta escrita dos movimentos dos diferentes passos base denomina-se por "Bailegramas". Com esta simbologia será facilitada a criação e combinação de passos base para realizar os puntos do baile solto (muiñeiras, jotas, maneo carballesas, ribeiranas) e danças de pares como (mazurza, valsas, pasodoble).
[ ± ] Mercedes Prieto e Serxio Cobos
Mercedes Prieto Bailarina nos projetos de dança GS21, Bruma e Pesdelán. Licenciada em Dança pela Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, onde colaborou na pós-graduação de “Dança em contextos educativos” e noutros programas como o “Programa Peso”. Trabalha na Escola Superior de Educação de Beja como assistente convidada, dando formação a alunos do curso de Ensino Básico. Dá formação para professores em instituições como o CEFORE da Galiza e Sindicato de Professores do Sul, lecionando diversas temáticas ligadas à dança, nomeadamente “A matemática dançada”, tema da tese que está a investigar na Universidade de Évora. Foi coordenadora pedagógica, diretora artística e formadora na associação PédeXumbo. Autora de duas publicações de dança: “Zampadanças” e “Pezinhos de lã”. Professora e mandadora do baile da peça “Fica no Singelo” da Companhia Clara Andermatt. Sérgio Cobos Especialista em música e dança tradicional galega através da formação na escola de folclore “Cantigas e Agarimos”, e em trabalho de campo e recolhas etnocoreográficas e etnomusicológicas desde o ano 1989. Foi diretor musical e intérprete de dança na companhia GS21 assim como intérprete do grupo Violia (música tradicional galega) e fundador e intérprete de Trebón (Novas tendências da dança galega). Colaborador, como bailador, de diferentes grupos musicais: Berrogueto, Xosé Manuel Budiño e Marful, entre outros. Ilustrador de diferentes trabalhos e atualmente investiga para a criação de uma nomenclatura e simbologia ad hoc ao baile tradicional galego, denominado de “cara ós Bailegramas”. Diretor de música e acordeonista no projeto “Aqui Há Baile”. Bailarino e músico na peça “Fica no Singelo”, da Companhia Clara Andermatt.
PALESTRAS
  • "Desgarradas e Regueifas", com Ramón Pinheiro
  • O Fado no Início do Século XX, com José Moças Uma pequena viagem, descontraída e em jeito de tertúlia participativa, conhecendo o fado nos seus primórdios, alguns dos nomes ainda desconhecidos do público, pequenas histórias e episódios que nos permitirão perceber o que mudou até aos dias de hoje. José Moças foi membro do Coro da Juventude Musical Portuguesa de 1972 a 1976 e fundador do Grupo Almanaque. Em 1992 fundou a Tradisom, sendo o seu diretor até à atualidade. Trata-se de uma das editoras de referência da história da música portuguesa. Nela tem-se dedicado à recuperação e à edição de gravações da música tradicional portuguesa.
  • "Repente Galego: arte e oráculo", uma apresentação dos cantos improvisados ao despique e dos contextos da sua utilização na Galiza, com Ramon Pinheiro Almuinha Ramon Almuinha é licenciado em História, pela USC, e pós-graduado em Gestão de empresas na indústria da música, pela Universitat Pompeu Fàbra de Barcelona. Foi sócio-fundador e diretor artístico de Ouvirmos S.L, a primeira empresa especializada em património musical galego. Dirigiu, juntamente com o professor da USC Javier Garbayo, as duas edições do Curso de pós-graduação de “Especialización en Música Tradicional Galega” organizadas pela USC, (2003-2005). Atualmente, é diretor artístico de aCentral Folque – Centro Galego de Música Popular, projeto que dá continuidade ao Conservatorio de Música Tradicional e Folque de Lalín, de que foi membro-fundador em 2000. As suas pesquisas desenrolam-se sobre a influência da música galega em Cuba ou o repente (retórica improvisada).
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