Sexta, dia 3 às 18h30 - Música Portuguesa a Gostar Dela Própria
A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (MPGDP) é um projecto que visa criar uma consciencialização para o conhecimento e a importância do património da tradição oral, que, apesar de vivo é muitas vezes esquecido. Tem registado cantigas, romances, contos, práticas sacro-profanas, músicas, danças e também gastronomia. Esta consciencialização, que é essencialmente um mecanismo de alfabetização da memória, lembra-nos quão urgente é documentar, gravar e reutilizar fragmentos da memória de um povo. A série da RTP2 “O Povo que Ainda Canta”, que vai muito em breve ser editada num livro com oito DVD´s, é já um resultado de um percurso de mais de cinco anos por todo o país.
Sábado, dia 4 às 15h00 - Apresentação do livro com CD “Xoán Tilve, gaiteiro de Campañó” com Oscar Ibánñez
“Xoán Tilve, gaiteiro de Campañó” (aCEntral Folque, 2015) é o novo título da coleção “Chave Mestra” sobre personagens da tradição musical e oral galega. O livro, escrito por Xavier Groba e Óscar Ibáñez, recupera as gravações históricas deste gaiteiro da Marcha do Corpo de Deus de Pontevedra. Estas foram as primeiras gravações documentais realizadas por Filgueira Valverde na Galiza em 1946. O trabalho inclui uma interpretação contemporânea deste repertório realizada com caixa, bombo e uma gaita de fole do século XIX realizada pelo Óscar Ibáñez Trio. Além disso contém a transcrição e a análise musical dos vinte cinco temas que compõem o CD.
[ ± ] Biografias: Óscar Ibáñez
Óscar Ibáñez
Óscar é um gaiteiro galego pertencente a uma geração que desponta a nível internacional como solista e líder de vários grupos. Intérprete e investigador especializado em arquivística, nos últimos anos tem trabalhado no Arquivo Sonoro do Serviço de Património Documentário e Bibliográfico da Deputação de Pontevedra. Aqui é responsável por uma colecção de 8000 gravações sonoras galegas que estão à disposição dos cidadãos para consulta. Em 2008 formou a Associação de Toque Fechado de Pontevedra, com o objetivo de recuperar e difundir formas de expressão musical gaiteiras características da região de Pontevedra como são exemplo os sistemas fechados de Manuel Villanueva, Perfeito Feijóo e Xan de Campañó ou o sistema semifechado de Ricardo Portela. Conquistou mais de quarenta prémios nos concursos de gaita galega de maior prestígio, o que o converte num dos gaiteiros galegos mais galardoados tanto em digitação aberta como fechada.
Sábado, dia 4 às 17h00 - Tabela das afinações dos cordofones portugueses com Francisco Caldas
Os cordofones são, sem dúvida, os instrumentos mais populares de Portugal. Contudo a publicação dos seus métodos de aprendizagem tem sido escassa, irregular e maioritariamente dependente das motivações afetivas de diversos músicos. A consequência factual da carência deste tipo de publicações é a ausência do registo dos contextos culturais dos instrumentos, a opção preferencial por uma só técnica ou afinação, a inexistência de método académico e a não corroboração documental das teorias acerca da história destes instrumentos, entre outros problemas.
A tabela de acordes dos cordofones portugueses não é um manual. É antes uma apresentação esquemática comparativa das afinações registadas pelas pesquisas do autor com todos os cordofones portugueses. Contudo, ciente do reduzido número de publicações existentes, Francisco Caldas teve a noção que a mesma será utilizada no auxílio para a aprendizagem de novos músicos. Antes de a publicar definitivamente pretende que, de uma forma universal, a mesma seja analisada e debatida de forma a consolidar a validade do seu conteúdo.
[ ± ] Biografias:Francisco Caldas
Francisco Caldas
Natural de Caminha,nasceu a 31 de Julho de 1961. Com 13 anos de idade inicia a sua atividade musical, em grupo, na tocata da Secção de Danças e Cantares do Grupo Juvenil de Caminha. Formou parte do grupo de música tradicional, Festada Portuguesa e colaborou com a secção de cordas da tocata do Rancho Folclórico de Dem. Francisco Caldas é um multinstrumentista que toca violão, viola braguesa, bandolim e cavaquinho assim como gaita-de-fole, ocarina, pífaros, flautas de cana e harmónica de boca. Apesar de destro, toca este último instrumento de forma esquerdina, tal como o seu pai.
A familiarização com os diversos cordofones levou-o à sistematização de dados sobre as afinações destes instrumentos. Este material de estudo tem sido partilhado com aqueles que o têm ajudado a descobrir a música e os instrumentos tradicionais portugueses. Criou o projeto MusicTrad, espaço informal de aprendizagem de música e instrumentos tradicionais, como forma de ampliar esse objetivo. A vinda do Encontro de Tocadores até Caminha, a colaboração com a Associação Museu do Cavaquinho e com a Música Portuguesa a Gostar dela Própria são consequência desse compromisso.
Sábado, dia 4 às 18h30 - Usos do cancioneiro galego-português, com José Luís do Pico Orjais e Domingos Morais
Organizado pela aCentral Folque, esta palestra terá uma apresentação sobre a influência das práticas musicais portuguesas na Galiza e vice-versa, desde o aparecimento dos primeiros cancioneiros até os nossos dias. Nele serão debatidas diversas considerações sobre os cancioneiros portugueses e galegos do século XIX e as investigações atuais acerca da realização de um cancioneiro partilhado.
[ ± ] Biografias: Domingos Morais e José Luís do Pico Orjais
Domingos Morais
Membro do IELT (Instituto de Estudos de Literatura e Tradição) da Universidade Nova de Lisboa. Membro do Conselho Consultivo da Associação José Afonso. Professor, de 1975 a 1987, na Escola Superior de Educação pela Arte do Conservatório Nacional. Investigador convidado no Museu de Etnologia de Lisboa de 1982 a 1992. Fez parte, com Michel Giacometti, da Comissão Instaladora do Museu da Música Regional Portuguesa (1987 a 1990). Consultor científico da Westdeutscher Rundfunk Kolnn no projeto de recolha de música popular em Trás-os-Montes (1985) e nos Açores (1987). De 1991 a 1999, Assessor do Serviço ACARTE da Fundação Gulbenkian (1990 a 2000), Professor na ESE de Lisboa (1993 a 2001) e na Escola Superior de Teatro e Cinema (2001 a 2011). Consultor do Serviço de Cooperação com os Novos Estados Africanos da Fundação Gulbenkian, nos projetos de Reforma Educativa da Republica de Cabo Verde e no projeto de Consolidação dos Sistemas Educativos de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (1992 a 2001). Sócio fundador da Associação Portuguesa de Musicoterapia (1996), do Centro de Estudos João dos Santos (1992), da Associação Portuguesa de Animadores Culturais (1976) e da Associação Portuguesa de Educação Musical (1973).
José Luís do Pico Orjais
José Luís do Pico Orjais ministra aulas em Taragonha (Rianjo). Foi professor de Teoria e Método do Folclore no Conservatório de Música Tradicional e Folque de Lalim e de Historiografia da Música Tradicional Galega no curso de pós-graduação, Especialização em Música Tradicional organizado pela Universidade de Santiago de Compostela. Atualmente lecciona um curso da Uned-Senior de Rianxo de História da Música Patrimonial da Galiza. Tem dado inúmeras palestras sobre o folclore galego-português assim como tem publicado numerosos artigos na imprensa e revistas especializadas.
Faz parte do Coletivo Arma-danças, da Sociedad Ibérica de Etnomusicología e da Associação Pró-Academía Galega da Língua Portuguesa.
Dirigiu as investigações que deram nos discos Os Dezas de Moneixas, As Cartas Sonoras e Son de Rianxo (Acmus), este último em colaboração com Covadonga Argüelles.
Em 2005, publicou a sua edição crítica do cancioneiro Cantos e Bailes da Galiza de José Inzenga, em 2010, Ayes de Mi País: O Cancioneiro de Marcial Valladares, obra realizada em parceria com Isabel Rei Sanmartim, em 2011, Cantos Lusófonos e em 2012 A Música de Seis Poemas Universais de Ernesto Guerra da Cal, este último em parceria com Joám Trillo e Isabel Rei Samartim. Na imprensa publicou Dez Canções Galegas de Frederico de Freitas com Helena Marinho.
Foi membro fundador do grupo folclórico Leixaprén. Colaborou, como sanfonista e narrador, com a Banda da Escola de Música de Rianjo e fez parte do grupo de música medieval Malandança. Habitualmente acompanha a cantora galega María Manuela.
Sábado, dia 4 às 21h00 - Apresentação do Método de Concertina / Acordeão Diatónico por Pedro Blanco
O “Método de Acordeão Diatónico” da Através Editora é o primeiro manual para concertina escrito na Galiza. Trata-se de uma coletânea com mais de cem partituras que representam os géneros mais populares da Galiza e do Minho: moinheiras, jotas, mazurkas, valsas, polcas, pasacorredoiras, passodobles, cantos de taberna, viras, malhões e canas verdes, entre outros.
[ ± ] Biografias: Pedro Blanco
O autor deste método é um dos músicos pioneiros na recuperação da concertina na Galiza. Enquanto professor deste instrumento, deu aulas em diversas associações e na Escola Municipal de Música Folk e Tradicional na Universidade Popular de Vigo. Atento às práticas musicais da Galiza, do Minho, da Bretanha, da Irlanda e da Ocitânia, frequentou oficinas de concertina com músicos de renome como são exemplo Kepa Junquera, Loïc Troel, Xuan Nele Espósito e Joseba Tapia. Foi também responsável pela introdução da concertina nos grupos Gaitas de Xistra, Foucellas, Gaiteiros Fozóns, Tanto nos Tem ou Projecto GZ assim como fundou os Xans e Contradança.
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Domingo, dia 5 às 12h00 - Lançamento do CD de viola braguesa “Moda Velha”, de Chico Gouveia. Integrado no programa da Oficina de Violas de Arame.
“Moda Velha” é o resultado do trabalho desenvolvido por Chico Gouveia em torno de um dos cordofones mais simbólicos do Norte de Portugal, a viola braguesa, também conhecida como viola ramaldeira ou chuleira. O autor aplicou muitas das técnicas de execução tradicionais do instrumento no conjunto de temas gravados, acrescentando-lhes outras e entitulando o CD com a designação da afinação que, para si, considera como a mais antiga e que a mais personaliza o instrumento. Um dos seus objectivos foi criar também um repertório próprio para esta viola e mostrar as diversas facetas duma parte integrante do património musical português. Moda Velha é também uma homenagem de Chico Gouveia a todos os tocadores populares, muitos deles gente simples e anónima.