Entrudanças 2016
Projeto

O Encontro de Tocadores consiste num evento de três dias que junta tocadores de instrumentos tradicionais de gerações distintas. Através dos tocadores convidados, que são na sua maioria “símbolos” de um saber que se esgota, fomenta-se a partilha de reportórios e técnicas instrumentais de Portugal e da Galiza e perpetua-se a importância do “saber tocar de ouvido”, a aprendizagem da música sem pautas. 

Em encontros informais, os participantes têm a possibilidade de partilhar conhecimentos e explorar métodos de tocar tradicionais. Espera-se contribuir para a salvaguarda do património imaterial musical de várias regiões de Portugal, em particular do Minho, em diálogo com a região da Galiza, explorando o contexto transfronteiriço historicamente relevante dos territórios.

O Encontro abrange sessões de trabalho entre músicos (oficinas de instrumentos), uma oficina de danças tradicionais, palestras, uma feira de construtores de instrumentos e editoras musicais assim como concertos e bailes no espaço público. Em qualquer das expressões que assuma na sua programação, o Encontro de Tocadores pretende constituir-se como um espaço gerador de discursos e reflexões sobre as práticas musicais do território galaico-português.

O formato do evento consiste numa série de oficinas de aprendizagem, com a presença de tocadores de vários instrumentos (na sua maioria, músicos rurais, envelhecidos, dedicados a práticas musicais em declínio) e um "pivot" (responsável por facilitar a dinâmica da oficina e a troca de informação entre o tocador antigo e a assistência). A escolha do “pivot” será criteriosa, devendo este conhecer o enquadramento da formação e possuir experiência como facilitador de dinâmicas de grupo. Por fim, a assistência das oficinas será constituída por jovens músicos que tencionam aprender técnicas e repertórios de instrumentos "tradicionais", procurando renová-los, experimentá-los e inseri-los em novas práticas musicais, sem intenções "fossilizadoras" ou discursos imobilistas de identidade regional ou nacional.

Para além destas oficinas, o Encontro inclui palestras com temas específicos e oradores convidados (músicos, tocadores académicos, etc.), exposições, concertos, projeção de filmes e documentários, bailes noturnos à volta de "jam sessions" dos vários músicos presentes. Tudo isto, com vista a gerar uma interação entre músicos e não-músicos de várias gerações e proveniências.

Através das práticas musicais, gera-se maior riqueza na descoberta de instrumentos, repertórios e, sobretudo, numa reflexão implícita sobre quem somos e para onde vamos, através da música.

A primeira fase de trabalho do Encontro irá consistir na pesquisa e estabelecimento de contatos com tocadores de instrumentos tradicionais, detentores de conhecimento de repertórios tradicionais, especialmente oriundos da zona do Minho e Galiza. O intuito é que possam dinamizar as oficinas de instrumentos, partilhando repertórios e técnicas.

Paralelamente, procurar-se-á estabelecer contacto com construtores de instrumentos, passíveis de integrar a feira e orientar formações relativas à sua arte. Serão também contactados grupos de música e baile tradicional, que irão dinamizar as atividades noturnas.

A edição de 2018 assinala o quinto ano deste Encontro em parceria com o Município de Caminha. Ao ser realizado fora de um grande centro urbano, este projeto tem também como ideia subjacente a importância da descentralização da cultura e a valorização do meio interior não urbano.

[ ± ] O Logo - a Rosácea
A rosácea, no seu auge, foi um elemento arquitetónico ornamental usado em edifícios religiosos do final da idade média. Em consonância com o espírito deste período artístico, a rosácea transmite, através da luz e da cor, o contacto com a espiritualidade e a partilha do conhecimento, que caraterizaram a transição artística para a modernidade. Na Igreja Matriz de Caminha está patente essa confluência de ascendências artísticas. Nela trabalharam mestres galegos e portugueses influenciados por uma variedade imensa de precedências estéticas. Todos os aspetos culturais terão usufruído desse vínculo de ligação entre as duas margens do rio Minho. Os elos que se entrelaçam na rosácea-óculo da fachada principal deste monumento sugerem-nos também essa ideia em relação ao futuro. Por esse motivo foi adotada a sua forma básica para a criação do logótipo que identifica o evento Entre Margens – Encontro de Tocadores que se realiza anualmente em Caminha.
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